Ernesto Borges Teixeira de Morais
Médico e Professor Universitário Catedrático de Patologia Geral da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.
Nasceu em Valpaços em 17 de Abril de 1905. Concluiu o Curso Liceal após frequentar o Liceu Emídio Garcia, de Bragança, desde 1915 a 1919, e o Liceu Rodrigues de Freitas, no Porto, desde 1919 a 1922.
Na Universidade do Porto frequentou a Faculdade de Medicina, e em 1928 obteve, com distinção, em Outubro, a Licenciatura em Medicina e Cirurgia, e em Novembro, o Curso de Higiene Pública.
De imediato e após um estágio voluntário de cerca de um ano no Laboratório de Anatomia Patológica da mesma Faculdade, em Janeiro de 1930, foi nomeado Assistente de Histologia e Embriologia.
Desde Junho do mesmo ano, passou a estar integrado no III Grupo, sendo, então, incumbido dos trabalhos práticos de Anatomia Patológica e de fazer demonstrações práticas aos cursos de Patologia Geral.
Em Julho de 1935, prestou provas de doutoramento após o que obteve, por unanimidade, o grau académico de Doutor em Medicina.
Em Abril de 1938 foi-lhe conferido, também por unanimidade de votos, o título de Professor Agregado do III Grupo, para o que foi oficialmente nomeado em Julho do mesmo ano.
Em Março de 1939 foi contratado para Professor Auxiliar do mesmo III Grupo, e em Julho do mesmo ano, por determinação do Conselho Escolar, passou a reger a cadeira de Patologia Geral Experimental.
Em 1943 foi-lhe confiada também a regência de Histologia e Embriologia e a direcção do respectivo Laboratório.
Ao longo de toda a sua carreira profissional, para além da parte Académica dedicada em pleno à Faculdade de Medicina do Porto, da qual foi seu director entre 1956 e 1960, Ernesto Morais, desempenhou também, em simultâneo, numerosos outros cargos directivos de Instituições e Departamentos e Comissões relacionadas sempre com a Medicina: Director dos Laboratórios de Análises Clínicas, tanto do Hospital como da Faculdade (Laboratório Nobre); Director do Serviço de Sangue; Secretário do Conselho Médico Legal; Presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos (mandato de 1947 1949); Vogal da Comissão Instaladora e Administrativa do Hospital de São João (1956 a 1962) e mais tarde, entre 1970 e 1974 Director do mesmo.
Em 1969 o Prof. Ernesto Morais tinha a seu cargo, como catedrático, a excelente disciplina de Patologia Geral. Encarregou, como seu assistente convidado, o Dr. Arnaldo Mendonça para ministrar as aulas práticas de Hematologia e algumas teóricas segundo o seu plano. Posteriormente, essas aulas teóricas e práticas foram continuadas na cadeira de Patologia Médica e orientadas pelo Prof. Falcão de Freitas tendo como colaboradores directos a Dr.ª Mendes Ribeiro e o Dr. Arnaldo Mendonça, que não deixou a Hematologia desde 1969 e cujo doutoramento se realizou em 1998, com um tema da Especialidade.
Entusiasta pela problemática social da Hemoterapia dedicou-se não só à implementação de Serviços de Transfusão Sanguínea como à criação de um Instituto Nacional de Sangue, como garante do rigor e da eficácia.
Nos anos sessenta, Ernesto Morais passou a interessar-se também por África.
Deslocou-se à Guiné, Angola e Moçambique onde procurou deixar, com a sua experiência, uma melhor planificação, estruturação e funcionalidade tanto da Faculdade de Medicina (Estudos Gerias) como do Hospital Universitário de S. Paulo de Luanda.
Tem publicada vasta colecção de trabalhos de investigação científica; orientou numerosas teses de licenciatura e de doutoramento; foi arguente em múltiplos concursos da carreira Universitária. Tem ainda numerosa obra publicada no âmbito da Saúde Pública.
Aos 70 anos de idade saíu, jubilado da Faculdade de Medicina. Faleceu com 81 anos, incompletos, no dia 2 de Janeiro de 1986.